Below Her Mouth: below my expectations
- Arquivo Sáfico

- 21 de set. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 16 de nov.

Para quem não conhece "Below her mouth", podem ver o trailer, sinopse e +info na página do filme.
Aviso já que quem adorou o filme vai odiar esta review. Mas gostava de ver as fundamentações para opiniões diversas nos comentários!
Eu li a sinopse "Um romance inesperado rapidamente se transforma numa realidade de parar o coração para duas mulheres, cuja forte conexão muda suas vidas para sempre" e só queria ver um filme sáfico bom e sexy, com a Erika Linder como protagonista, que era uma das minhas celebrity crushes.
O filme não deixa de ser sexy, mas também não deixa de ser péssimo, na opinião desta blogueira que vos escreve.
É claro que a doutrina diverge, mas deste lado a sensação que ficou no fim de ver o filme foi mesmo esta.
A única razão por que alguém recomendaria Below Her Mouth serão as cenas sexuais, que de facto são a única coisa interessante... e até é um filme visualmente bonito no seu todo. Portanto, se for essa a razão por detrás da vontade de ver este filme podem passar o resto à frente que não perdem nada.
Atuações péssimas e roteiro "mais do mesmo", em que há uma mulher chamada Jasmine, que está noiva de um homem, que de repente vê uma lésbica chamada Dallas, e está o filme montado. O nome do homem já não me lembro...
Na verdade, não foi a "hétero/lésbica" (sim, porque bissexualidade é uma coisa que não existe... ou se existe não é mencionada, logo uma pessoa não sabe se a moça andava só perdida e descobriu a sua orientação sexual agora, ou se era "hetero" e virou "lésbica" que é o que a maior parte destes filmes dá a entender, ou se é bissexual e desta vez em vez de trair o namorado com um homem calhou ser uma mulher 🤦🏽♀️). O que é que eu estava a dizer? 🤔 Ah! Na verdade, não foi a "hétero/lésbica" que foi atrás da "lésbica/lésbica", tendo sido mera presa. Ênfase no mera presa, porque mesmo depois de repetidos NÃO's, a outra achou que tinha de continuar a caçar (estereótipo que devia ser combatido e não reforçado, as mulheres lésbicas não são predadoras e sabem respeitar um não). E com esta caça toda a presa afinal até gostou de ser barrada e perseguida e encostada à parede e ficou toda maluca, rendendo-se à predadora retratada, e já dizia o péssimo ditado: "so is spaghetti till it's wet". Uma palavra para isto: rídiculo. Outra: perigoso. E é assim que se normaliza o assédio... e é assim que as pessoas ficam a pensar "ah, ela disse que não porque se está a fazer de difícil, ou porque bla bla bla, eu sei que ela quer, mesmo tendo dito que não e é por isso que insisto e vou à luta e que linda história de amor e perseverança..." 🤮 Parecia que estava a ver aquelas típicas comédias românticas tóxicas heterossexuais que já se conhecem, mas com a "inovação" de ser com lésbicas. E não era disto que estava à espera, de todo.
Anyway, às vezes parece que as pessoas acham que são só os homens que assediam e que quando é uma mulher a atirar-se e a insistir depois de um não (ou vários) já não é um problema, nem representa qualquer ameaça. Péssima personagem e péssima investida. Comédias românticas tóxicas não faltam por este cinema fora, cheias de investidas abusivas vistas como "grandes provas de amor". A diferença para esta é que aqui temos mulheres e mais sexo. Troquem a personagem da Dallas por um homem e vejam se continuam a achar bonito... Mas acho que já cada vez se tolera menos este tipo de narrativas, e se têm começado a mudar para relações mais saudáveis, logo façam filmes bons em vez de copiar as coisas más, que isto é igualmente mau, independentemente do sexo ou género ou orientação sexual.
E atenção, nada contra quem goste de um role-playing com este tipo de papéis (presa/predadora) quando haja consentimento, que é uma coisa que este filme não soube abordar muito bem. A ideia que me passou é que a Dallas acha que pode perseguir as mulheres bonitas que lhe aparecem à frente, mesmo depois de a terem recusado, e que ela certamente que as irá conseguir "transformar" se continuar a investir, porque ela também é bonita e então pode. Aquela confiança de quem se acha a última bolacha do pacote, muito semelhante à de um homem branco hetero tóxico (e não, não estou a dizer que todos os homens brancos heteros são tóxicos, e vocês sabem de quem estou a falar, ou se não conhecem nenhum homem branco hetero tóxico, quero saber em que mundo vivem para ir para lá viver também). A personagem da Dallas até teve direito àquela piada dos "roofers", mesmo à trolha - "Why do women love roofers? Because we strip 'em and nail 'em all day long". - WTF???????????????? É que nem deu para apreciar as cenas do filme depois de um turnoff destes. Definitivamente não era de piadas à trolha que eu estava à espera quando comecei a ver, e a Dallas só parecia muito atraente lá a trabalhar no roof, antes de abrir a boca para dizer merda. Mas pronto, se calhar o problema foram as expetativas... Ou então, foi mesmo o machismo de todo o filme, que sim, as mulheres também podem reproduzir. Era escusado.
Voltando ao enredo, depois da perseguição inicial lá ficou tudo bem, amor à primeira vista (apesar de não ter havido desenvolvimento da relação) bla bla bla cena de sexo mais bla bla bla mais sexo e mais bla bla bla (e não houve nenhum desenvolvimentos das personagens no entretanto), até à cena em que o noivo de quem já ninguém se lembrava lá as apanha no ato. Drama Drama Drama. Lésbica lembra-se que é hétero e volta para o noivo, mas afinal não é hétero e tinha descoberto o amor e vira lésbica outra vez. Vivem felizes para sempre. The End (Esta é que devia ser a sinopse... 😅)
Se partirmos do pressuposto de que a personagem é efetivamente bissexual, algo que não foi de todo mencionado, retiro a minha crítica da invisibilidade bi e das "héteros" que "viram lésbicas", e vice-versa, e substituo pela crítica da propagação do estereótipo da bissexual que não sabe o que quer, e que obviamente que vai trair, e obviamente que vai voltar para um homem, e obviamente vai acabar por trai-lo novamente com uma mulher, e por ai a fora, que toda a gente sabe que é isso que as bissexuais fazem...
E atenção, também pode efetivamente acontecer, e acontece, uma mulher ser efetivamente lésbica e andar com homens por pressão social e só descobrir a sua orientação sexual mais tarde. Mas não é uma questão a que este filme dê resposta. Bissexualidade ou heterossexualidade compulsória? Who knows. De igual modo, independentemente do que for, foi igualmente mal retratado.
E se a expectadora não quiser saber disto para nada e só quiser ver um filme que tenha mulheres bonitas e sexo sáfico, sem se importar com o péssimo roteiro, a péssima atuação e as investidas abusivas? Então força! Este é o filme indicado! Mas também dá para ir procurar só os vídeos...
Resumindo e concluindo... Péssimo.
Deixem as vossas opiniões (principalmente as divergentes) nos comentários!
PS: Este filme acabou com a minha crush na Erika Linder 😥









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